Post by Lívia Chasez on Jun 5, 2004 0:21:50 GMT -5
O Matchbox Twenty tem muito a agradecer ao vocalista Rob Thomas. E Rob Thomas tem muito a agradecer ao guitarrista Carlos Santana. Quando Rob foi convidado para gravar uma música do CD Supernatural, de Santana, a banda dele já tinha um certo sucesso. Mas nada comparado ao que aconteceu depois do estouro de Smooth, o tal dueto. Por algum tempo, Rob Thomas passou de "o vocalista do Matchbox Twenty" para "aquele cara que canta com o Santana". Mas isso não irritou o cantor, nem gerou crises de ciúmes no resto do grupo. Ao contrário, Rob diz que eles todos só têm a agradecer. "Tive muita sorte, Smooth abriu muitas portas", disse o vocalista em entrevista por telefone, de Nova York. Eles não ligam se não são reconhecidos na rua - como piada, até aparecem com os rostos escondidos na capa do novo CD da banda, More Than You Think You Are.
Por que vocês estão escondendo os rostos na capa do CD?
Achamos que seria engraçado. No nosso CD anterior a gravadora exigiu que nossas caras aparecessem na capa, porque a banda não era tão famosa. Então, dessa vez, resolvemos fazer uma piada. Ninguém pode reclamar, porque estamos na capa.
Foi também uma crítica às bandas que se importam mais com o visual deles que com a música?
Com certeza pensamos nisso. O Matchbox Twenty nunca ligou para isso. Ficamos famosos por causa do nosso som. Durante muito tempo as pessoas se perguntavam: "Quem são os caras que cantam essa música mesmo?". A gente adorava. Compravam nosso CD mesmo sem saber quem éramos. Não estamos aqui para ser celebridades, somos músicos.
Vocês esconderam os rostos mas revelaram uma informação muito pessoal. Pelas alianças, três de vocês são casados...
Só percebemos isso depois que foto estava pronta. Achamos até mais engraçado.
Você tem sua "Spanish Harlem Monalisa" [Monalisa espanhola do Harlem, verso de Smooth] em casa [Rob é casado com uma porto-riquenha]. Daí saiu toda aquela latinidade que ouvimos em Smooth?
Acho que sim [risos]. Não vejo outra explicação. Nunca teria escrito ou composto nada parecido com Smooth se não vivesse com uma porto-riquenha.
Você diz que agora vocês são mais uma banda, não apenas cinco músicos juntos. É bem mais duro ser uma banda, não?
Sem dúvida, porque não basta mais confiar em boas músicas. Precisamos achar um meio de fazê-las soar bem, dentro do álbum. Achar um jeito de tocá-las direito.
As brigas que saem no meio do processo são importantes no trabalho?
Muito. Não confio em nenhuma banda que não brigue. Uma briga é sinal de que todos ali têm muita paixão pela música e estão tentando fazer o melhor CD possível. Todo mundo quer o melhor para o trabalho e, como somos cinco caras diferentes fazendo o mesmo barulho, as brigas aparecem. É também um sinal de que um não aceita calado a opinião do outro. Mas as brigas nunca duram muito, não. No final, alguém acaba pedindo desculpa e não se fala mais naquilo.
Cold foi escrita na praia, depois de algumas taças de vinho. Estar relaxado é um pré-requisito para a música sair boa?
Acho que sim. Porque nosso emprego pede que entremos em contato com nosso subconsciente. Não adianta sentar numa cadeira e esperar que a letra e a música saiam pelo lado racional, porque não saem. Não dá para pensar muito, não. Então, claro que uma atmosfera tranqüila ajuda.
A mesma regra serve na hora do show?
Mais ou menos, porque a energia é diferente. Já toquei cansadérrimo, no meio de uma turnê em que estávamos sem parar direto, e foi ótimo. Na hora que você sobe no palco, uma coisa toma conta de você e vai tudo embora.
Você nasceu numa base militar na Alemanha. Quanto tempo viveu na base? Como foi esse tempo?
Saí ainda bebê, mas meu pai era militar e depois vivi em outras bases nos Estados Unidos.
E esse clima de guerra traz algumas lembranças ruins?
Acho que não. Aquele tempo foi legal, nada comparado a o que está rolando agora. Sou contra a guerra, claro, e é difícil ser patriota quando você discorda dos seus governantes. Mas acho que temos que apoiar a tropa americana. Muitos até estão fazendo coisas com as quais até não concordam, mas estão lá, no meio do fogo.
Você saiu de casa aos 17 anos, largou o colégio e morou em vários lugares de favor. Como foi essa época?
Na época foi ótimo. Imagina um cara de 17 anos seguindo sua próprias regras... Quer dizer, seguindo regra nenhuma. Foi divertido, claro. Mas pensando nisso hoje, foi uma loucura.
Como você ganhava dinheiro?
Não ganhava. Vivia de favores, da caridade de estranhos.
E se o seu filho decidisse fazer o mesmo?
Nem por um decreto... [Risos] Naquele tempo já foi duro, imagina no mundo de hoje. As pessoas são mortas nas ruas por causa de trânsito...